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[DES]MONTAGEM

A partir do confronto entre retratos de mulheres que foram torturadas, assassinadas ou desaparecidas durante a ditadura civil militar brasileira, um manuscrito assinado por uma destas vítimas e as vozes dos militares negando seu envolvimento com os crimes, percebemos a tentativa de apagar e distorcer fatos por parte do estado e das instituições.


A instalação provoca o público a deslocar seu ponto de vista em direção à realidade destas mulheres. Presente, passado e futuro se interseccionam, numa experiência estética e política transformadora, que busca incorporar a dimensão do arquivo e da memória na arte.

[Des]montagem

O esquecimento é uma constante ameaça. A história é contada através de informações selecionadas e interpretadas segundo o interesse hegemônico, que elege as vozes que serão ouvidas e as que serão silenciadas. [Des]montar aponta para o sentido de fragmentar o que se costuma ver unido e conectar o que se costuma ver separado. Também remete à ideia que, em ditaduras se utiliza a técnica de guerra que procura destituir o oponente de sua humanidade, ou seja, desorientar, desfigurar, desmembrar, destruir, desmontar.

Um documento sobre a mesa. Material, tocável, resistiu ao tempo. É o único elemento que existe no espaço sem que seja necessária a presença. É um manuscrito de Inês Etienne Romeu (1971), a única sobrevivente da chamada Casa da morte, centro sistemático de torturas do governo militar ditatorial no Brasil, no qual denuncia as violações e ameaças que sofreu. A partir da aproximação do visitante, ouvem-se os áudios de militares negando seu envolvimento com os crimes; e podem-se ver os retratos das vítimas da ditadura brasileira projetadas sobre uma tela de fumaça. Tanto os áudios quanto os retratos são em sequência aleatória. Quando o visitante se afasta a fumaça se esvai. As vozes e as imagens das mulheres desaparecem. Resta apenas o documento.
 

Ao apropriar-se de arquivos institucionais, revelar documentos ocultados propositalmente e recontexualizá-los, procura-se desconstruir seu sentido, despertar diferentes leituras do passado e refletir sobre o momento presente. 

FICHA TÉCNICA

programação Rui D'Orey

iluminação Rodrigo Menck

apoio à pesquisa sobre ditadura Maria Júlia Andrade

VÍDEO DA OBRA
GALERIA

Fotos de Rodrigo Menck.

VÍDEO DE APRESENTAÇÃO
REFERÊNCIAS

Didi-Huberman, G. (2012). Quando as imagens tocam o real. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, 206–219

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável | As Nações Unidas no Brasil. (s.d.). https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
 

Romeu, I. E. (1971). Se eu morrer.

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